segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012



Não sei de quem é, mas achei aqui.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Toy Art



Há dois momentos caracterizados como início da ToyArt, conhecido nos EUA como UrbanVinyl: a primeira em 1997 quando Michael Lau, um pintor e designer de Hong Kong de 26 anos, foi chamado por amigos da banda Anodize para criar a capa de seu novo CD. Lau decidiu customizar alguns bonecos dos Comandos em Ação para deixá-los parecidos com os integrantes da banda e depois fotografá-los. A segunda foi com a designer Keiko Miyata, que estufava bichos de pelúcia em uma fábrica, e teve a idéia de produzir bonequinhos exóticos, de diversas cores e tamanhos. O ToyArt fez sucesso depois de uma exposição em Londres e espalhou a moda pelo o mundo. Os ToyArt viraram febre, ganharam seguidores, primeiro entre jovens descolados de Hong Kong e do Japão e depois entre o pessoal de moda, música e arte na Europa e nos Estados Unidos. Com a ToyArt, os brinquedos perdem a função de agradar o público infantil, e são reinventados por artistas, criando uma nova vertente da arte contemporânea que une linguagens do design, da moda e da arte urbana.

Quem consome esses produtos tem, geralmente, perfil mais moderno são: designers, publicitários, gente de moda, embora haja interessados de diversas idades, começando aos 14 anos até mais de 70 anos.

Quem já fez:
Pepsi
Romero Britto
Roberto Cavalli
Marcelo Rosenbaum
Chanel
Disney
Sommer
Coca-Cola/Kuat e Mcdonald's
Puma
Nike







Abaixo o vídeo é entrevista de um artista de graffiti que teve seu personagem transformado em Toy Art

Art Basel Miami: KAWSfrom Jauretsi and Crystal on Nowness.com.




Fontes:
Editora Abril, Istoé, Folha, Estadão, Panorama Brasil, Mobilidade de Negócios, TPM, Decolex, Toy Design

domingo, 10 de abril de 2011

Girls just want to have fun

Influenciada por uma amiga no facebook (ela colocou o link), resolvi fazer um apanhado de (quase) todos que cantaram esta linda música.

O primeiro é o autor da música Robert Hazard que canta:


O segundo é com quem fez a eternização da música Cyndi Lauper:


O terceiro é o vídeo que me inspirou a fazer o post Arcade Fire:


The Killers:


The Ordinary Boys:


Starfucker:


The Chipettes (desenho animado):


Russian Red:


Silvia Machete:

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Músicas

Grown Child Jukebox by jacksonaraujo

organização Shhh.fm de Jackson Araujo. Vale muito conhecer o site.



* 01. Ska – Pato Fu
* 02. Genius Of Love – Tom Tom Club
* 03. Billie Jean – Sweet Little Band
* 04. Open Up Your Heart And Let The Sun Shine In – Frente!
* 05. Beat Acelerado – Metrô
* 06. No Mundo Da Lua – Biquíni Cavadão
* 07. This Charming Man – The Smiths
* 08. The Caterpillar – The Cure
* 09. O Elefante – Robertinho de Recife e Emilinha
* 10. Karma Chameleon – Culture Club
* 11. Perdidos Na Selva – Gang 90 & Absurdettes
* 12. Ligeiramente Grávida – O Espírito Da Coisa
* 13. Heart Of Glass – Puppini Sisters
* 14. O Vira – Secos & Molhados
* 15. Rock Lobster – B-52’s
* 16. Go Back – Titãs
* 17. Spirits In The Material World – Pato Banton/Sting
* 18. I Got You Babe – UB40
* 19. Cinema Mudo – Paralamas Do Sucesso

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

“É corrente considerar-se a arquitetura como o primeiro meio de comunicação de massas. Assim o seu caráter irradiador de história e ao mesmo tempo distribuidor da hierarquia espacial está nesses marcos de referência” ALEXANDRE, Isabel M. M.; BENTE, Ricard Hugh. Op. cit., p. 16.

via texto "Monumento e transformação urbana na obra de Fábio Penteado" por
Ivo Renato Giroto publicado na vitruvius

domingo, 10 de outubro de 2010

Nenhum, nenhuma

Marina Silva em entrevista ao Estadão fez uma "sitação" de um conto de Guimarães Rosa, que foi lindo no contexto, resolvi procurá-lo e como foi difícil encontrar resolvi reproduzir abaixo o conto "Nenhum, nenhuma":

Nenhum, nenhuma
João Guimarães Rosa - livro Primeiras Estórias

Dentro da casa-de-fazenda, achada, ao acaso de outras várias e recomeçadas distâncias, passaram-se e passam-se, na retentiva da gente, írreversos grandes fatos - reflexos, relâmpagos, lampejos - pesados em obscuridade. A mansão, estranha fugindo, atrás de serras e serras, sempre, e à beira da mata de algum rio, que proíbe o imaginar. Ou talvez não tenha sido numa fazenda, nem no lndescoberto rumo, nem tão longe? Não é possível saber-se, nunca mais. Mas um menino penetrara no quarto, no extremo da varanda, onde se achava um homem sem aparência, se bem que, por certo, como curiosamente se diz, já "entrado em anos"; ele devia de ser o dono de lá. E naquele quarto - que, de acordo com o que se verifica, em geral, na região, nos casarões-de-fazenda com alta e comprida varanda, seria o "escritório" - há era uma data. O menino não sabia ler, mas é como se a estivesse relendo, numa revista, no colorido de suas figuras; no cheiro delas, igualrmente. Porque, o mais vivaz, persistente, e que fixa na evocação da gente o restante, é o da mesa, da escrivaninha, vermelha, da gaveta, sua madeira, matéria rica de qualidade: o cheiro, do qual nunca mais houve. O homem sem aspecto tenta agora parecer-se com outro - um desses velhos tios ou conhecidos nossos, deles o mais silencioso. Mas, segundo se apurou, não era. Alguém, apenas, chamara-o, na ocasião, de nome com aproximada assonância; e os dois, o ignorado e o sabido, se perturbam. Alguém mais, pois, ali entrara? A moça, imagem. A moça é então que reaparece, linda e recôndita. A lembrança em torno dessa moça raia uma tão extraordinária, maravilhosa luz, que, se algum dia eu encontrar, aqui, o que está por trás da palavra "paz', ter- me-á sido dado também através dela. Na verdade, a data não poderia ser aquela. Se diversa, entretanto, impôs-se, por trocamento, no jogo da memória, por maior causa. Foi a moça quem enunciou, com a voz que assim nascia sem pretexto, que a data era a de 1914? E para sempre a voz da moça retificava-a. Tudo não demorou calado, tão fundamente, não existindo, enquanto viviam as pessoas capazes, quem sabe, de esclarecer onde estava e por onde andou o menino, naqueles remotos, já peremptos anos? Só agora é que assoma, muito lento, o difícil clarão reminiscente, ao termo talvez de longuíssima viagem, vindo ferir-lhe a consciência. Só não chegam até nós, de outro modo, as estrelas. Ultramuito, porém, houve o que há, por aquela parte, até onde o luar do meu mais- longe, o que certifico e sei. A casa - rústica ou solarenga - sem história visível, só por sombras, tintas surdas: a janela parapeitada, o patamar da escadaria, as vazias tarimbas dos escravos, o tumulto do gado? Se eu conseguir recordar, ganharei calma, se conseguisse religar-me: adivinhar o verdadeiro e real, já havido. Infância é coisa, coisa? A moça e o moço, quando entre si, passavam-se um embebido olhar, diferente do dos outros; e radiava ém ambos um modo igual, parecido. Eles olhavam um para o outro como os passarinhos ouvidos de repente a cantar, as árvores pé-ante-pé, as nuvens desconcertadas: como do assoprado das cinzas a esplendição das brasas. Eles se olhavam para nao-distância, estiadamente, sem saberes, sem caso. Mas a moça estava devagar. Mas o moço estava ansioso. O menino, sempre lá perto, tinha de procurar-lhes os olhos. Na própria precisão com que outras passa- gens lembradas se oferecem, de entre impressões confusas, talvez se agite a maligna astúcia da porção escura de nós mesmos, que tenta incompreensivelmeflte enganei-nos, ou, pelo menos, retardar que perscrutemos qualquer verdade. Mas o menino queria que os dois nunca deixassem de assim se olhar. Nenhuns olhos têm fundo; a vida, também, não Aquela casa, como e por que viera ter o menino? Talvez, em desviada viagem, sem pessoas da família. Sua estada esperara-se para mais curta, do que foi? Porque, primeiro, todos pensavam esconder-lhe o que havia num determinado quarto, e mesmo o passo do corredor para onde dava aquele quarto. A dúvida que isso marcou, no menino, ajuda-o agora a muito se lembrar. A moça, porém, era a mais formosa criatura que jamais. foi vista, e não há fim de sua beleza. Ela poderia ser a princesa no castelo, na torre. Em redor da altura da torre do castelo, não deviam de revoar as negras águias? O homem, velho, quieto e sem falar, seria, na realidade, o pai da moça. O homem concordava com todos, sem tristezas se calava? As nuvens são para não serem vistas. Mesmo um menino sabe, às vezes, desconfiar do estreito caminhozinho por onde a gente tem de ir - beirando entre a paz e a angústia. Depois, porém, porque mudassem de idéia, ou porque o menino tivesse de sojornar lá por mais tempo, deixaram-no saber o que dentro daquele dito quarto se guardava. Deixaram-no ver. E, o que havia ali, era uma mu[her. Era uma velha, uma velhinha - de história, de estórla - velhíssíma, a inacreditável. Tanto, tanto, que ela se encolhera, encurtara-se, pequenina como uma criança, toda enrugadinha, desbotada: não caminharia, nem ficava em pé, e quase não dava acordo de coisa nenhuma, perdida a claridade do juízo. Não sabiam mais quem ela era, tresbísavó de quem, nem de que idade, incomputada, Incalculável, vinda através de gerações, sem ninguém, SÓ ainda da mesma nossa espécie e figura. Caso imemorial,apenas com a incerta noção de que fosse parenta deles. Ela não poderia mais ser comparada. A moça, com amor, tratava dela. Tênue, tênue, tem de insistir-se o esforço para algo remembrar, da chuva que caía, da planta que crescia, retrocedidamente, por espaço, os castiçais, os baús, arcas, canastras, na tenebrosidade, a gris pantalha, o oratório, registros de santos, como se um pedaço de renda antiga, que se desfaz ao se desdobrar, os cheiros nunca mais respirados, suspensas florestas, o porta-retratos de cristal, floresta e olhos, ilhas que se brancas, as vozes das pessoas, extrair e reter, revolver em mim, trazer a foco as altas camas de torneado, um catre com cabeceira dourada; talvez as coisas mais ajudando, as coisas, que mais perduram: o comprido espeto de ferro, na mão da preta, o batedor de chocolate, de jacarandá, na prateleira com alguidares, pichorras, canecos de estanho. O menino, assustando-se, correra a refugiar-se na cozinha, escura e imensa, onde mulheres de grossos pés e pernas riam e falavam. A moça e o moço vieram buscá-lo? O moço causava-lhe antipatia e rancor, dele já tinha ciúmes. A moça, de formosura tão extremada, vestida de preto, e ela era alta, alva, alva; parecia estar de madrinha num casamento, ou num teatro? Ela carregou o menino, cheirava a vem de verde e a rosa, mais meigo que as rosas cheiram, mais grave. O moço ria, exato.

Tranqüilizavam-no, diziam: que a velhinha não era a morte, não. Nem estava morta. Antes, era a vida. Ali, num só ser, a vida vibrava em silêncio, dentro de si, intrínseca, só o coração, o espírito da vida, que esperava. Aquela mulher ainda existir parecia um desatino de que ela mesma nem tivesse culpa. Mas o moço não ria mais. Lá estava também o homem calado, de costas, mesmo de pé ele rezava o terço, num rosário de pretas camáldulas. Diziam ao menino, demonstravam-lhe: que a velhinha não era sombração, mas sim pessoa. Sem que lhe soubessem o verdadeiro nome, chamavam-na a Nenha. lia ficava tão quieta, no meio da alta cama de torneados, o catre com cabeceira dourada, que ali quase se sumia, nos panos, algo inviolável em sua exigüídade, e respirava. Era cor de cidra, em todas as rugazinhas - e os olhos abertos, garços. O que ela não tinha era pálpebras? Todavia, um trêmíto, uma babinha, no murcho, a Ixca, e era o docemente incompreensível. O menino sorriu. Perguntou: - "Ela beladormeceu?" A moça beijou-o. A vida era o vento querendo apagar uma lamparina. O caminhar das sombras de uma pessoa imóvel. A moça não queria que coisa alguma acontecesse. A moça tinha um leque? O moço conjurava-a, suspensos olhos. A moça disse ao moço: - "Você ainda não sabe sofrer..." - e ela tremia como os ares azuis. Tenho de me lembrar. O passado é que veio a mim, como uma nuvem, vem para ser reconhecido: apenas, não estou sabendo decifrá-lo. Estava-se no grande jardim. Para lá, tinham trazido também a Nenha, velhinha. Traziam-na, para tomar sol, acomodadinha num cesto, que parecia um berço. Tão galante, tudo, que o menino de repente se esqueceu e precipitouse: queria brincar com ela! A moça impediu-o apenas com brandura, sem o repreender, ela lá se sentava, entre madressilvas e rosmaninhos, insubstituível. Olhava- para a Nenha, extremosamente, de delonga, pelo curso dos anos, pelos diferentes tempos, ela também menina ancianíssima. Recobrira-a com um xale antigo, da velhinha não se viam as mãos. Só o engraçadinho, pueril acondicionamento, o somo lmpalpar-se, amável ridicularia. Davam-lhe à boca comldlnha mole. Tornavam-lhe às vezes uns sorrisinhos, um tanger de tosse, chegava a falar - e escassamente podia ser entendida - no semi-sussuro mais discreto que o bater da borboletínha branca. A moça adivinhava-a? Pedia água. A moça trazia a água, vinha com nas duas mios o copo cheio às beiras, sorrindo igual, sem deixar cair fora uma única gota - a gente pensava que ela devia de ter nascido assim, com aquele copo de água pela borda, e conservá-lo até a hora de desnascer: dele nada se derramasse. Não, a Nenha não reconhecia ninguém, alheada de fim, só um pensar sem inteligência, imensa omissão, e já condenados segredos - coràção imperceptível. No que vagueia os olhos, contudo, surpreende-se-lhe o imanecer da bem-aventura, transordinária benignídade, o bom fantástico. O menino perguntou: - "Ela agora está cheia de juízo?" A moça firmou o olhar, como o luar desassombra. O rumor da tesoura grande podava as roseiras. Era o homem velho, de pé, de contraluz, homem muito alto. O moço pegou na mão da moça, ele estava apaixonado. O menino se recolheu, olhando para o chão, numa tristeza de amuo. O homem velho só queria ver as flores, ficar entre elas, cuidá-las. O homem velho brincava com as flores. Cerra-se a névoa, o escurecido, há uma muralha de fadiga. Orientar-me! - como um riachinho, às voltas, que tentasse subir a montanha. Havia um fio de barbante, que a gente enrolava num pauzinho. A moça repetia coisas tantas, muito mansas, ao moço. Tenho de me recuperar, desdeslembrar-me, excogitar - que sei? -das camadas angustiosas do olvido. Como vivi e mudei, o passado mudou também. Se eu conseguir retomá-lo. Do que falavam o moço e a moça. Do velho homem, pai dela, desenganadamente doente, para qualquer momento, mortal.

- "E ele já sabe?" - o moço perguntou. A moça, com um lenço branco, muito fino, limpava a sumida boca da Nenha, velhinha. - "Ele sabe. Mas não sabe por que!" - ela falou, tinha fechado os olhos, tesa, parada. O moço se mordeu, um curto. - "E quem é que sabe? E para que saber por que temos de morrer?" -disse, disse. A moça, agora, era que pegava na mão dele.

Venho a me lembrar. Quando amadomno. De como fora possível que tão de todo se perdesse a tradição do nome e pessoa daquela Nenha, velhlssíma, antepassada, ccmservada contudo ali, por seu povo de parentes. Alguém, antes de morrer, ainda se lembrava de que não se lembrava: ela seria apenas a mãe de uma outra, de uma outra, de uma outra, para trás. Antes de vir para a f a-senda, ela ter-se-ia residido em cidade ou vila, numa corta casa, num largo, culdada por umas irmãs solteimonas. Mesmo essas, mal contavam. Dera-se que, em tempos, quase todas as antecedentes mulheres da família, de roca e fuso, sucessivamente teriam morrido, quase de uma vez, do
mal-de-semana, febre de parto; daí, rompido o conhecimento, os homens se mudando, andara confiada a estranhos a Nenha, velhinha, que durava, visual, além de todas as raias do viver comum e da velhez, mas na perpetuidade. Então, o fato se dissolve. As lembranças são outras distâncias. Eram coisas que paravam Já à beira de um grande sono. A gente cresce sempre, sem saber para onde. Trasvlsto, sem se sofrear, fechando os dentes, o moço argtila com a moça, ela firme e doçura. Ela tinha dito: ..... esperar, até a hora da morte..." Soturno, nervoso, o moço não podia entender, considerar no impeditivo. Porque a moça explicava: que não a morte do pai, nem da velhinha Nenha, de quem era a tratadeira. Falou: -"Mas a nossa morte.. ." Sobre este ponto, ela sorria - multo - flor, limite de transformação. Obrigara-se por um voto? Não. Mais disse: - "Se eu, se você gostar de mim... E como saber se é o amor certo, o único? Tanto é o poder errar, nos enganos da vida... Será que você seria capaz de se esquecer de mim, e, assim mesmo, depois e depois, sem saber, sem querer, continuar gostando? Como é que a gente sabe?" Ouvida a resposta da moça, o menino estremeceu, queria que ela não tivesse falado. Reperdlda a remembrança, a representação de tudo se desordena: é uma ponte, ponte - mas que, a certa hora, se acabou, parece'que. Luta-se com a memória. Atordoado, o menino, tornado quase incônscio, como se não fosse ninguém, ou se todos uma pessoa só, uma só vida fossem: ele, a moça, o moço, o homem velho e a Nenha, velhinha - em quem trouxe os olhos. Vê-se - fechando um pouco os olhos, como a memória pede: o reconhecimento, a lembrança do quadro, se esclarece, se desembaça. Desesperado, o moço, lívido, ríspido, falava com a moça, agarrava-se aos varões da grade do jardim. Dissesse: que era um simples homem, são em juízo, para não tentar a Deus, mas para seguir o viver comum, por seus meios, pelos planos caminhos! Que será, agora, se a moça não o quiser reter, se ela não concordar? A moça, lágrimas em olhos, mas mediante o sorriso, linda já de outra espécie. Ela não concordou. Ela só olhava com enorme amor para o moço. Então, ele deu-lhe as costas. E a moça se ajoelhou, curvada para o berço da Nenha, velhinha, e chorava, abraçando-a -ela se abraçava com o incomutável, o imutável. Tanto, de uma vez, ela se separava da' gente, que mesmo o menino não podia querer ficar com ela, consolá-la. O menino, contra tudo o que sentisse, acompanhou o moço. O moço o aceitou, pegou-lhe da mão, juntos caminharam. O moço viera com tropeço, apalpando as paredes, como os cegos. E entraram no quarto, ao extremo da varanda, no escritório. Aquela mesa-escrivaninha cheirava tão bom, a madeira vermelha, a gaveta, o menino gostaria de guardar para si a revista, com as figuras coloridas; mas não teve ânimo de pedir. O moço escreveu o bilhete, era para a moça, ali o depositou. O que estava nele, não se sabe, nunca mais. Não se viu mais a moça. O moço partia, para sempre, torna-viajor, com ele ia também o menino, de volta a casa. O moço, com a capa de baeta azul, trazia-o, à frente da sela. Voltaram os olhos, já a distância: do limiar, à porta, só o homem alto, sem se poder ver-lhe o rosto, desconhecidamente, fazia-lhes ainda sinais de adeus. A viagem devia de ser longa, com aquele moço, que falava com o menino, com ele tratava mão por mão, carecia de selar palavras. Ele, o moço, disse: - "Será que posso viver sem dela me esquecer, até a grande hora? Será que em meu coração ela tenha razão? .. ." O menino não respondeu, só pensou, forte: - "Eu, também!" Ah, ele tinha ira desse moço, ira de rivalidades. Do moço,
que outras coisas repetia, que ele não queria perceber. Pediu: se podia vir à garupa, em vez de no arção? Ele queria não ficar perto da voz e do coração desse moço, que ele detestava. Tem horas em que, de repente, o mundo vira pequenininho, mas noutro de-repente ele já torna a ser demais de grande, outra vez. A gente deve de esperar o terceiro pensamento. O moço não falava, agora. Falido, Ido, noutro confusamento, ele rompeu a chorar. Pouco a pouco, o menino, devagarinho, chorava, também, o cavalo soprava. O menino sentia: que, se, de um jeito, fosse ele poder gostar, por querer, desse moço, então, de algum modo, era como se ele ficasse mais perto da moça, tão linda, tão longe, para sempre, na soledade. Daí, viu-se em casa. Chegara. Nunca mais soube nada do moço, nem quem era, vindo junto comigo. Reparei em meu pai, que tinha bigodes. Meu pai, estava dando ordens a dois homens, que era para levantarem o muro novo, no quintal. Minha mãe me beijou, queria saber notícias de muita gente, olhava se eu não rasgara minha roupa, se tinha ainda no pescoço, sem perder nenhum, os santos de todas as medalhinhas. E eu precisei de fazer alguma coisa, de mim, chorei e gritei, a eles dois: - "Vocês não sabem de nada, de nada, ouviram?! Vocês já se esqueceram de tudo o que, algum dia, sabiam! ..." E eles abaixaram as cabeças, figuro que estremeceram. Porque eu desconheci meus país - eram-me tão estranhos; jamais poderia verdadeiramente conhecê-los, eu; eu?

ps.: desculpa a ausência de parágrafos, a versão que peguei esta toda desconfigurada.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Que Tavi que nada!!! old ladies rule

Eu não quero falar muito porque as imagens falam tudo. Tudo via um blog maravilhoso que acabei de descobrir Advanced Style
E não deixem de passar na matéria Garb Fast do NY Times.

Elas acham as melhores roupas para comprar

Fazem lindas roupas

Elas se produzem melhor

Sabem usar cores

...e usar preto&branco

São chics



Usam turbante

por Rutu Modan