quarta-feira, 22 de julho de 2009

Sobre um estudo polêmico

Saiu a pouco tempo um estudo sobre os jornalistas da EBC e sua relação com a internet e o jornalismo cidadão. Vou ser sincera, não li o estudo inteiro, mas do que pude ver notei algumas falhas. O problema é que o estudo está sendo mostrado por várias pessoas em forma de mostrar uma grande falha nos jornalistas da empresa.

Queria deixar claro que trabalhei lá por um curtíssimo período de tempo e vi as várias dificuldades que estes jornalistas tem com essa nova mídia, mas ao mesmo tempo achei o estudo tendencioso.

Vamos aos pontos que acredito ser grandes falhas, esses pontos foram justificados pela criadora do estudo após um diretor da empresa questioná-la. Primeiro, o universo de jornalistas da EBC é de mais ou menos 300 e foram entrevistados apenas 14. Ora, como eu tenho garantia que a pesquisa não foi tendenciosa? Como eu sei que o jornalista voluntário para a pesquisa não foi voluntário porque foi um dos poucos selecionados para saber do acontecimento da pesquisa. Até o editor-executivo disse não saber que estava acontecendo tal pesquisa. Logo deduz que o convite para participar da pesquisa não foi amplamente divulgado. Num universo de 300 jornalistas que estão localizados em um espaço delimitado e de fácil acesso, acredito que para efeito de pesquisa ela deveria ter entrevistado muito mais pessoas, e havia essa possibilidade. Ela deveria ter um número maior de editores e diretores entrevistados também. Vamos lembrar que ela falava de uma empresa específica, e não de uma classe de profissionais, isso quer dizer que ela deveria entrevistar os vários níveis e proporcional como eles aparecem na empresa.

Segundo, a autora diz que o estudo dela não leva em consideração a tecnologia que a empresa usa, pois este não é o foco dele. Bem, se você está falando de uma empresa e falando justamente de uma área que a tecnologia é um grande ator relacionar e explicar o que é usado na empresa é apenas uma forma de embasar e justificar as várias respostas dos funcionários. A tecnologia nesse caso faz parte da filosofia da empresa em relação ao tema e ela nunca poderia ficar de fora, nem o histórico dela. Aliás isso seria uma grande base de análise profunda do que realmente ocorre dentro dessa empresa e mostraria as falhas e como solucioná-las.

No mais, acredito que esse estudo aprofundado pode trazer muitas coisas interessantes sobre o jornalismo e sua cultura. Acharia interessante que ele pudesse crescer para alcançar jornalistas do Brasil inteiro. Interessante ter este perfil, para esta classe poder crescer com as falhas mostradas nele. Achei ótimo alguém tocar neste assunto e espero que as discussões evoluam.

Quero deixar claro aqui que estas são opiniões pessoais, embasadas no que aprendi na faculdade e na pós-graduação, de como se faz um TCC e como se faz pesquisas. Desse modo não coloco bibliografia, aqui é achismo.

Pesquisa de Carine Roos, baixe aqui.
Resposta ao editor executivo da Agência Brasil sobre a pesquisa

por Rutu Modan