quinta-feira, 15 de maio de 2008

Construção em Brasília

Contarei uma pequena história para explicar porque cheguei à necessidade de escrever um texto sobre construções em Brasília. Por um bom tempo trabalhei em uma empresa que passa pela EPIA, uma via que corta Brasília, mas ao contrário do eixão ela corta pelo lado de fora. Bem, além de passar pela via em construção havia no caminho a construção do Carrefour da Asa Norte.

Imagine que toda vez que ia para o trabalho eu tinha que passar por locais sujos. Sim, porque infelizmente quando há qualquer tipo de construção em Brasília os arredores destas construções ficam imundos: é a terra vermelha da cidade misturada com os ingredientes para fazer a mistura do cimento, mais o cimento molhado, mais um monte de entulho de obra. Nunca entendia porque essa sujeira toda. Questionava se não havia uma forma mais limpa de fazer uma construção.

Além disso, sempre via aqueles programas de reconstrução da TV a cabo e as construções nunca eram tão sujas como as daqui. Claro, que também podia ser coisa maquiada para a TV. Mas a prova veio quando viajei para fora. Em todo o lugar que eu passava estava acontecendo um tipo de construção, em todos os países que passei havia algum tipo de reforma, mas olha que incrível, não havia sujeira perto das obras.

E não vale vir com aquelas frases malditas: “mas eles são países de primeiro mundo...”, isso não me convence. Sou adepta da frase: “sou pobre, mas sou limpinho”. Nada impede as pessoas a serem limpinhas.

Mas eu devo alertar que na maioria desses países as regras de construção são bastante rígidas e provavelmente sujar a cidade com os pneumáticos dos caminhões não é uma opção válida nas obras de lá. Então tudo começa por leis mais rígidas em relação as construções e a limpeza da cidade, depois padrões de qualidade da empresa.

Exemplo do que pode ser feito: vi em um programa australiano que eles vendem areias de duas formas por lá, acredito que aqui deve funcionar da mesma forma. A primeira é caminhão cheio de areia e a segunda são sacos de areia. Seria inteligente optar pelo saco de areia, pois se você não vai usar toda a areia que comprou pode estocá-la para outra obra de forma mais fácil e limpa e com pouquíssimo desperdício.

Outro exemplo é sempre recolher o entulho de forma simultânea ao seu surgimento, colocando ele em sacos de panos (isso eu vi na França, assim que era produzido o entulho eles eram colocados em grandes sacolas de lonas). Esses entulhos em sacos seriam colocados em caminhões grandes com as laterais altas para que não caia entulho pelas ruas da cidade. E os pneus sujos de terra dos caminhões: que tal não descarregar e carregar o caminhão na terra, fazer um espaço para eles, um espaço asfaltado de concreto que pode ser desfeito facilmente depois ou reutilizado. Se pensar bem sempre há uma saída para isso, sem contar que uma obra limpa é uma obra organizada e organização ajuda na velocidade de um trabalho.

imagem: videocast "Visita ao The Hub SP - Abril de 2008" de Tiago Dória

por Rutu Modan