terça-feira, 6 de maio de 2008

A ecologia e a economia e evolução


Gostaria de avisar, antes que comecem a ler, que sou a favor da preservação do planeta. O que eu quero que prestem atenção é que, em vários momentos, esta motivação pode esconder uma tentativa de sabotagem aos concorrentes.

Tudo começou quando estava em Londres, onde há uma tendência de ser ecologicamente correto em todos os sentidos da vida, ou seja: utilizar produtos feitos/plantados no próprio país para evitar gasto de combustíveis e consequentemente poluição; evitar de viajar de avião (motivo anterior); usar produtos recicláveis; reciclar; evitar fast fashion (hum?!); consumir menos; usar bicicleta ou andar em vez de usar carro; entre vários outros. Claro que ser ambientalmente e socialmente responsável é o ideal, mas exagero faz mal. Como mamãe dizia, tudo em exagero faz mal para a saúde. Nesse caso, faz mal para as economias de países menos desenvolvidos.

Bom, eu tenho uma teoria meio doida sobre isso. Sim, está havendo um aquecimento Global e eu não o estou contrariando, mas países estão utilizando este problema para poder sabotar, de certa forma, os países que estão se desenvolvendo recentemente, como China, Ìndia e Brasil. Se você pára de comprar coisas de outros países, eles tendem a não se desenvolver tão bem como poderiam, podendo até quebrar países (olhe o histórico da Argentina, por exemplo, cujo maior importador era o Brasil e quando este teve de diminuir a importação o país caiu em recessão, isso é história recente). Se você não viaja para outros países (viagens de avião) o turismo diminui. Novamente lembro a vocês que há locais que vivem só disso. Bem como esta atitude, de não viajar, diminui o intercâmbio entre culturas, evitando que as pessoas evoluam e adquiram mais informação e sabedoria.

Estava lendo a Marie Claire inglesa, edição especial eco chic ou algo do tipo. Nela havia uma matéria onde uma senhora falava como você deveria ser ecologicamente e socialmente correto nas roupas que veste. Primeiro, ela fala que pensou nisso quando seu cartão de crédito fez uma promoção de troca de roupas do tipo "você leva sua roupa usada e ganha crédito para roupas novas e ecologicamente corretas". Claro que ela se desapontou ao ver que tinha doado Pradas e Guccis, recebendo em troca novas roupas "feias", segundo ela. Emenda depois que as roupas ecologicamente corretas devem ter designs mais bonitos e serem mais interessantes, ficando até mais caras para poder utilizar produtos de alta-qualidade. A matéria ainda diz que usar roupas fast-fashion seria ecologicamente errado: pronto. Chegou a um ponto em que preciso argumentar: Os fast fashions são opções baratas para roupas bonitas e interessantes, mesmo que sejam cópias das marcas famosas seguem a tendência da moda, chegam nas lojas antes mesmo das roupas originais. Isto está causando uma mudança de paradigmas no mercado da moda.

Essa mudança é muito necessária e bem vinda, tira da "elite" o poder de se vestir bem, dando a todos a possibilidade de comprar coisas interessantes e poderem se ligar na moda. Isso faz bem para o mercado, que cresce e cria clientes de qualidade, que conhecem a moda. Infelizmente, para grandes conglomerados isso tira o ponto inovador e único de suas criações. Talvez para um país desenvolvido o fast fashion sirva como roupa de uso rápido e descartável, mas para países como o Brasil é principalmente uma opção barata de se vestir bem. Toda essa reviravolta está acelerando e aumentando a quantidade de coleções. Agora as coleções mudam de 3 em 3 meses, mas vamos combinar que isso também é uma evolução que a era da internet está trazendo.

Além deste aspecto, um dos pontos muito "estranhos" das afirmações da jornalista que fez a matéria é dizer que as pessoas devem comprar produtos mais caros e com qualidade. Bem, quem pode comprar roupas caras e de "qualidade" são as pessoas mais capitalizadas. Uma conclusão a que meu namorado, André, chegou é que esta é uma forma de se livrar da culpa do aquecimento global e continuar colocando nas pessoas impossibilitadas de comprar produtos de luxo a culpa da destruição do planeta. Tal como se pode comprar balinhas sugar-free, se pode comprar roupas guilty-free. Hummm, interessante.

Acredito que ao invés de regredir dessa forma, falando para pessoas deixarem de consumir, deixarem de viajar ou deixarem de fazer algo que as tecnologias de hoje em dia permitem, o melhor é evoluir tecnologicamente. Substituir combustíveis poluentes, ou mesmo usar formas de energia alternativas e não poluentes. Inclusive podemos utilizar tecnologias novas que tem pouco investimento como o plástico feito de cana-de-açúcar ou de milho que são biodegradáveis. Enfim, evoluir tecnologicamente para termos uma vida ecologicamente e socialmente correta sem perder as comodidades modernas.

imagem: Ana Lopes(eu) Londres 2008

por Rutu Modan