terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Coisas que você pode aprender do mercado musical

Vi em uma mensagem no Twitter um link para esta lista e achei interessante, o original em inglês você veja aqui. O blog é de Seth Godin.

Fiz uma tradução livre e em alguns momentos resolvi deixar em inglês mesmo, pura e completa preguiça.
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Coisas que você pode aprender do mercado musical

A primeira regra é a mais importante:

0. A novidade nunca é melhor do que as antigas, pelo menos por enquanto.
Em breve, a novidade será melhor que as coisas antigas. Mas se você esperar até lá será tarde demais. Fique a vontade sendo nostálgico, mas não se engane ao pensar que o antigo vai estar sempre em voga. Isso não acontecerá.

1. Performances passadas não são garantias para sucessos futuros
Toda indústria muda e, algumas vezes, acaba. Só porque você fez dinheiro em algo de certa forma ontem, não há nenhuma razão para acreditar fazendo a mesma coisa você terá sucesso amanhã.
“The music business had a spectacular run alongside the baby boomers. Starting with the Beatles and Dylan, they just kept minting money. The co-incidence of expanding purchasing power of teens along with the birth of rock, the invention of the transistor and changing social mores meant a long, long growth curve.
As a result, the music business built huge systems. They created top-heavy organizations, dedicated superstores, a loss-leader touring industry, extraordinarily high profit margins, MTV and more. It was a well-greased system, but the key question: why did it deserve to last forever? “


2. Cópia protegida na era digital é um sonho bobo
Se o produto que você faz vira digital, espere que ele será copiado. Há um paradoxo na indústria da música que é refletido em outras indústrias: você quer onipresença, não obscuridade, ainda assim a distribuição digital diminui o valor da sua produção total.
“Remember, the music business is the one that got in trouble for bribing disk jockeys to play their music on the radio. They are the ones that spent millions to make (free) videos for MTV. And yet once the transmission became digital, they understood that there’s not a lot of reason to buy a digital version (via a cumbersome expensive process) when the digital version is free (and easier).
Most items of value derive that value from scarcity. Digital changes that, and you can derive value from ubiquity now.
The solution isn’t to somehow try to become obscure, to get your song off the (digital) radio. The solution is to change your business. You used to sell plastic and vinyl. Now, you can sell interactivity and souvenirs.”


3. Interatividade não pode ser copiada
Produtos que são digitais e também inclui interação prosperam e tem melhor desempenho e consequentemente o mercado cresce (considere Facebook ou Basecamp).
Música é social. Música está constantemente mudando, e a maioria delas, músicas, precisam de músicos. Os vencedores da indústria musical de amanhã são indivíduos e organizações que criam comunidades, conecta pessoas, espalha idéias e agem como o centro da roda.. indispensável e bem recompensado.

4. Concessão é uma qualidade considerável do futuro
Por gerações, o mercado não fazia idéia quem era seus consumidores finais. Não havia habilidade de ir a uma loja de discos e descobrir quem comprava os álbuns dos Rolling Stones, não havia uma maneira de saber quem comprava este livro ou este vaso.
Hoje, claro, concessão (aqui ele faz um jabá do livro dele Permission Marketing) é um bem a ser merecido. A habilidade (não o direito, mas o privilégio) de entregar antecipadamente, mensagens pessoais e relevantes para pessoas que querem tê-las. Por 10 anos, a indústria musical tem firmemente evitado esta oportunidade.
“It’s interesting though, because many musicians have NOT been avoiding it. Many musicians have understood that all they need to make a (very good) living is to have 10,000 fans. 10,000 people who look forward to the next record, who are willing to trek out to the next concert. Add 7 fans a day and you’re done in 5 years. Set for life. A life making music for your fans, not finding fans for your music.
The opportunity of digital distribution is this:
When you can distribute something digitally, for free, it will spread (if it’s good). If it spreads, you can use it as a vehicle to allow people to come back to you and register, to sign up, to give you permission to interact and to keep them in the loop.
Many authors (I’m on that list) have managed to build an entire career around this idea. So have management consultants and yes, insurance salespeople. Not by viewing the spread of digital artifacts as an inconvenient tactic, but as the core of their new businesses.”


5. Um consumidor assustado não é um consumidor feliz.
Eu não precisava dizer isto, mas vamos lá: processar pessoas é como ir à guerra. Se você vai à guerra com centenas, milhares de seus consumidores todos os anos, não fique surpreso se eles começarem a te tratar como inimigo

6. Este é grande: O melhor momento para mudar o seu modelo de negócio é enquanto você ainda está em voga.
Não é muito fácil para um artista desconhecido começar a remodelar e construir uma carreira por si só. Não é muito fácil para ele(a) achar fãs, um por um e criar uma audiência. Muito, mas muito fácil para uma gravadora ou um artista no topo fazer isso. Então, o momento para “pular” foi ontem. Muito tarde, tudo bem, que tal agora?
O quanto antes melhor.

7. Lembre-se da regra Bob Dylan: Não é só um disco, é um movimento.
Bob Dylan tem um histórico de gravar os movimentos que descobre. Movimentos anti-guerra, claro, mas também filmes de rock, “The Grateful Dead, SACDs”, Rock Cristão e fãs da Apple. O que Bob tem feito (e creio que ele fez em sinceridade, não calculando os lucros) é procurar grupos que querem estar conectados e ele trabalha para ser o ponto de conexão.
Por estar aberto a escolha de formatos, para pontos de vista, para momentos na história, Bob Dylan nunca disse “Eu faço LP (vinil) que custam dinheiro para ouvir”. Ele entende em certo ponto que a música é normalmente a trilha sonora de alguma coisa a mais.
Eu creio que a mesma coisa deve ser verdade para chefs, igrejas, caridade, políticos e criadores de instrumentos médicos. Pessoas pagam “premium” por uma história, toda vez.

8. Não entre em pânico quando o novo modelo de negócio não é tão limpo quanto o antigo.
Não é fácil desistir da idéia de manufaturar CDs com uma margem bruta de 90% e mudar para um modelo mixado de souvenir e “concerts”, de comunidades, cartões de congratulações/agradecimento, eventos especiais e isto parece uma armação, eu sei.
Mas releve isso, é a única opção se você quer continuar no mercado. Você só não vai vender um monte de CDs em 5 anos, não é?

9. “Leia o que está escrito na parede”
Vamos lá galera, eu nem estou na indústria musical e mesmo assim escrevo sobre isto a anos. Eu até comecei um selo a uns 5 anos atrás para poder mostrar meu ponto. Mercados não morrem de surpresa. Não é como se você não soubesse que isso viria. Não é como se você não soubesse para quem ligar (ou contratar).
Isto não se trata de ter uma grande idéia (normalmente não é). As grandes idéias estão por aí, de graça, no blog do seu vizinho. Não, isto se trata de ter iniciativa e fazer as coisas acontecerem.
A última pessoa a sair da atual estrutura de gravadoras não será a mais esperta, e também, não será a mais esperta. Sair primeiro e determinar o novo território normalmente vale mais.

10. Não abandone “the Long Tail” (grande conto)
Todos do Mercado de sucesso pensam que entendem o segredo: só fazer hits, músicas de sucesso. Afinal, se você fizer as contas, se você só fez hits, você está numa maré alta.
Claro, por mais que você tente só fazer hits, o mais provável será você fazer algum. Filmes, CDs, livros ... os grandes sucessos sempre parecem ser surpresas.
Ao contrário, numa época onde é mais barato “desenhar” alguma coisa ao invés de fazer alguma coisa, trazer algo para o mercado, a estratégia mais inteligente a ser feita é ter uma estratégia ridícula. Mantenha seus custos baixos, e vá pelos seus instintos, mesmo quando todos dizem que você está errado. Faça um ótimo trabalho, não precisa ser perfeito. Traga coisas para o mercado, o mercado certo, e deixe-os achar sua própria audiência.
Se manter no certinho nunca foi tão errado. Ao contrário, ache os produtos que seus consumidores querem. Não os subestime. Eles são mais fiéis a seus gostos do que você pensa.

11. Entenda o poder do Digital
Tente imaginar algo do tipo acontecendo há 10 anos: uma criança de 11 anos acorda em um sábado de manhã, pega sua mesada, e em seu pijama compra um a música do Bom Jovi por um dólar.
Compare isso com lutar/espernear/fazer juras de amor aos pais por uma carona para ir ao shopping, achar o CD do Bom Jovi, achar US$ 14 para pagar por ele e voltar para casa, no trânsito.
Você pode acreditar que seu negócio não tem meios de fazer a transição para o digital. Muitos acham. Se você tem um negócio que não consegue se digitalizar, ele provavelmente não irá crescer o tanto que você deseja. Talvez você precise achar um negócio que possa virar digital também.

12. Celebridade está subestimada (Não concordo!!)
A indústria da música sempre criou celebridades. E cada celebridade tem tido lucros com a fama. Frank Sinatra está morto e ainda traz lucro. Elvis continua vivo e com certeza fazendo lucro.
A indústria musical tem feito um trabalho pobre em pesar o valor da celebridades. Todo negócio, hoje, tem a possibilidade de criar sua própria celebridade. Estes indivíduos capturam a atenção e geram confiança, dois elementos críticos estão no crescimento do lucro.

13. O valor é criado quando você vai de muitos para poucos e vice versa.
A indústria musical tem milhares de selos e milhões de detentores de copyright (direito autoral). É uma bagunça.
E existe apenas uma loja de música iTunes. Consolidação paga.
Ao mesmo tempo, existem outras indústrias que tem poucos players e a forma de ter lucro é criando nichos de mercado.

14. Quando puder venda assinaturas
Poucos negócios podem vender, com sucesso, assinaturas (revistas são o melhor exemplo), mas quando você puder, o mundo irá mudar. HBO, por exemplo, tem condições de gastar seu dinheiro fazendo programas para seus assinantes invés de se dar ao trabalho de achar telespectadores para cada programa.
A grande oportunidade para a indústria da música é combinar permissões com assinaturas. As possibilidades são infinitas. E eu sei que é difícil de acreditar, mas os bons e velhos tempos estão por vir.

por Rutu Modan