quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Mais artistas de Brasília

Novamente pela revista SIMPLES (site estava fora do ar) descobri pai e filho que estão fazendo sucesso no mundo dos HQs, Milton Sobreiro e Felipe Sobreiro.

O pai, Milton, é diretor de arte, ilustrador e pintor, é publicitário de Brasília, o filho, Felipe, ilustrador e tradutor. Apenas o pai é novato na área de quadrinhos.

Encontrei no site Universo HQ uma entrevista feita por Pablo Casado com os dois sobre a experiência do trabalho de HQ em família. Veja a reportagem na íntegra aqui.

UHQ: Seu debute nos quadrinhos foi em 2001. De lá para cá, além de ter estabelecido laços com autores latinos, europeus e americanos, você teve histórias publicadas em antologias em espanhol e inglês. Como foi que tudo começou?


Felipe: Tudo começou pela Internet. Faz uns seis anos conheci virtualmente o escritor espanhol Jaime Román, que me introduziu em vários fóruns de autores de quadrinhos de língua espanhola, principalmente do México. E com o tempo fui fazendo amizades com outros desenhistas e escritores, e desenvolvendo idéias, inicialmente na rede, mas depois efetivamente em antologias e revistas.

UHQ: Seu pai assumiu o lápis e você, as cores da história. Qual a sensação e o resultado desse trabalho em família?

Felipe: Eu sempre admirei muito o trabalho do meu pai, sou seu fã número um. Fora toda a influência no meu trabalho em si. Foi graças a ele que conheci, na infância e na adolescência, Moebius, Will Eisner, Hergé e outros. Ele nunca havia feito quadrinhos, então eu o convenci de desenhar o Living Morpheus. Adorei a experiência, porque pela familiaridade se gera um diálogo muito sincero, e o resultado do trabalho ganha muito com isso.


UHQ: Milton, esse é o seu primeiro trabalho com quadrinhos. Como foi a experiência de trabalhar nessa mídia? E tendo seu filho como parceiro?


Sobreiro: Primeiro, parece que não é. Sempre fui quadrinhista. De certo modo. Quando menino e impulsionado por então nascentes pendores artísticos, já garatujava personagens de quadrinhos em todos os papéis que encontrava, inclusive nos cadernos escolares, sendo agraciado aí com os primeiros zeros da minha vida. Adulto, como publicitário, tenho que me expressar por meio de imagens e legendas, nos anúncios e filmes.

Como ilustrador, assim como na pintura, a legenda está implícita. E como vitralista me deparava com problemas de composição interessantes, como enquadrar as multidões do Sermão da montanha numa janela estreita e vertical. O quadrinho, agora, é uma releitura prazerosa dessas experiências. O Felipe, meu filho, além de me introduzir, amavelmente, aqui, é um incrível "splash" nesta aventura.

UHQ: Essa foi a primeira colaboração entre pai e filho, e parece que não será a última. O que vocês podem nos adiantar da graphic novel que estão preparando para sair no México, pela editora Caligrama? Do que se trata?

Felipe: Bom, é uma historia de ficção científica. O título ainda não está definido, mas tudo gira ao redor duma misteriosa figura conhecida como "a Santa". O roteiro é do próprio Ricardo Gonzalez Llarena em parceria com o também mexicano Carlos García Campillo. O esquema é o mesmo, o meu pai ilustra tudo, e eu coloro - o trabalho está ficando muito bom, é bastante ambicioso, mas todos estamos nos dedicando ao máximo e nos esforçando para fazer algo de nível. A Caligrama é uma editora recente, mas que está publicando todos os pesos-pesados do quadrinho mexicano atual (gente como Bachan, Edgar Clément e Tony Sandoval) em edições de luxo. Estamos muito empolgados de que tenham se interessado pelo nosso trabalho. Nossa idéia é publicar aqui no Brasil também.

UHQ: E quais os próximos trabalhos que pretendem fazer separadamente?

Felipe: Bom, eu estou desenhando e colorindo a outra graphic novel que mencionei antes, chamada "Virtual Lazarus", e colorindo muitas propostas desenhadas por outros... ainda não dá pra dar nome aos bois, mas logo vai aparecer trabalho meu por aí.

Sobreiro: A gente entra no salão pra dançar. A partir da parceria com o Felipe, pintaram alguns projetos pra gente desenvolver. O Ricardo me ofereceu uma historia "flashgordoniana" que me animou muito, porque gosto de Raymond desde criancinha. Quem sabe, também, no futuro, quadrinizar meus próprios contos, ambientados nos bas-fonds do Rio, que são muito plásticos e adaptáveis a esta mídia



Veja outras imagens e informações sobre Felipe Sobreiro aqui ou no flickr aqui.

imagem 1: Universo HQ
imagem 2: Flickr Felipe Sobreiro

por Rutu Modan