domingo, 20 de janeiro de 2008

Manifesto contra a propaganda no SPFW

Vivienne Westwood é uma estilista com muita história na moda, é conhecida por sua vanguarda e criação do movimento punk. Ela chegou no Brasil e no SPFW principalmente para divulgar sua coleção de sapatos para a melissa, em outras palavras fazer uma básica propaganda do seu produto. Junto com o lançamento das melissas "by Vivienne Westwood", tem uma exposição com todos os diferentes sapatos que a estilista criou em seus mais de 30 anos na moda, exposição para ajudar na divulgação e propagação de sua linha para melissa.

Estando aqui ela apareceu em enúmeros blogs de moda, jornais, TV e outras mídias. Disse até que iria para a Amazonas depois do SPFW. Tudo muito bem, tudo conforme o figurino dos gringos que vêm ao Brasil a trabalho. Mas derrepente, não mais que derrepente ela organiza um jogral para divulgar um manifesto de sua autoria. Veja bem, acho a idéia do manifesto muito interessante, mas...

O manifesta Active Resistance to Propaganda, que você pode ver na íntegra e em inglês aqui, lido pela própria Vivienne acompanhada por pessoas como Supla e Dudu Bertolini (Neon e agora Cori). No manifesto ela defende a cultura e rechaça a propaganda (ops! O que ela veio fazer aqui mesmo?).

Eu acho que é uma ação muito interessante, criar uma cultura do consumismo moderado ou pensado. Não fazer como Japonezes ou Americanos que compram compram e jogam fora enúmeras coisas e fazem mal para a natureza e para o social. Mas quando você se propõem a fazer um manifesto e criar uma conciência através de suas idéias você deve estar condizente a estas idéias, e não falar contra a propaganda enquanto o seu principal motivo de vir ao país é fazer propaganda.

Em alguns momentos ela diz que a globalização transformou os países em "sopa global insossa". Em meu ponto de vista e de várias correntes sobre a globalização acontece ao contrário (se eu conseguir achar na net coloco o link aqui), já li em reportagens e estudos que culturas de vários países não perdem sua identidade e sim encorporam o novo com a visão de sua cultura ou seja, aquela nova cultura e interpretada e refeita de forma que entre na cultura alheia, criando culturas mais vastas. Acredito que a visão dela foi uma visão particular feita no calor do momento, mas que não vem de nenhum estudo mais profundo do que é a globalização e o que ela realmente trás para as outras culturas.

Ah!ps. Existe globalização a vários séculos, desda era das grandes navegações que descobriram a América. Então vamos na lição do dia: "Antes de criar um manifesto estude o tema a fundo."

Algumas frases de Vivienne ao ler o manifesto(fonte Estadão):
“É exatamente contra isso que devemos resistir ativamente. Você pode ler todos os jornais do mundo em um dia e ainda assim não entender o mundo. Sabe porquê? Porque é preciso pensar com profundidade para entender o mundo em que vivemos (...)Meu manifesto não diz o que é cultura. O que quero é que leiamos mais, vamos aos teatro, por exemplo. Isso é resistência ao que está transformando o mundo todo em uma sopa global insossa coberta com sorvete de creme e molho de cebola. A gente se torna mais humano por meio da arte (...)O importante não é o que você usa. Mas como você usa. Moda é o que você quer passar para o mundo. Você se dispõe a dizer quem você é quando escolhe uma roupa, seja ela de grife ou não”

por Rutu Modan