segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Polêmica

Recentemente um ganhador do prêmio Nobel fez uma afirmação que pareceu racista e ao mesmo tempo fez muita gente pensar que talvez a cultura do politicamente correto estivesse nos fazendo fechar os olhos para a realidade.

A afirmação foi dita por James Watson: “inherently gloomy about the prospect of Africa” and its citizens because “all our social policies are based on the fact that their intelligence is the same as ours — whereas all the testing says not really.” Resumindo a afirmativa, ele disse que pessoas negras/africanas são menos inteligentes do que as pessoas brancas.

Após a polêmica ficamos na corda bamba, e percebi que poucas pessoas resolveram falar sobre isso à fundo. Na verdade não vi nenhum texto que colocasse em xeque-mate na afirmativa. Até hoje...

Em um artigo do New York Times escrito por Richard E. Nisbett*, o autor afirma que já foram feitas várias dessas afirmações ao longo do tempo, mas essas afirmações vêm cheias de preconceitos, também, vêm de testes e pesquisas que se esqueceram de levar em conta o ambiente que a pessoa vive. Afinal, a maioria das pessoas negras, africanas principalmente, são de origem humilde, o que lhes traz menos oportunidades de aprendizagem e por conseqüência o seu Q.I. não se desenvolve. Imagine que grande parte dos africanos não tem nem o que comer.

O artigo afirma que em muitos testes se parte do princípio que o Q.I. é determinado de 60 à 80% pela genética e o restante pelo ambiente. Os testes feitos mostraram que o Q.I. das pessoas mais humildes, que normalmente são pessoas de cor e latinos, ficam abaixo do Q.I. de pessoas da classe média por volta de 10 a 20%.

Outro ponto do artigo que merece ser destacado é do estudo que foi feito com filhos de pais que viveram durante a II Guerra Mundial, onde pais brancos e pretos fecundaram mulheres alemãs. Desses filhos, os que são 100% brancos tem Q.I. em média de 97 e os que tiveram pais negros tem Q.I. em média de 96,5. uma diferença mínima.

O que eu acredito, é que este tipo de teste e resultado nunca foi mostrado em estudos reais, pelo menos desconheço, além da afirmativa do Dr.Watson que não veio com estudos nem nada comprovando o que ele fala. É muito difícil fazer estes testes se as pessoas de cor ou africanas não tem as mesmas oportunidades de pessoas brancas e européias ou americana. E para se fazer uma pesquisa que realmente tenha um parecer confiável é necessário fazê-la com muitas pessoas, não apenas um grupo nos EUA.

* Richard E. Nisbett é professor de psicologia da Universidade de Michigan.

por Rutu Modan